Poeta norte-americano (31/5/1819 - 26/3/1892), um dos
maiores revolucionários, tanto na forma e na temática da poesia, como na vida.
Defensor da abolição da escravatura, dos direitos das mulheres e do amor livre...
tudo isso em meados do século XIX.
Criança solitária, neto de camponeses e filho de um
carpinteiro, passou a infância no Brooklyn, então uma simples aldeia dos
arredores de New York. Educado em rígidos padrões (sua mãe pertenceu a uma
comunidade Quaker), estudou sempre em escolas públicas. Exerceu várias
profissões: tipógrafo, professor, jornalista, operário agrícola, enfermeiro,
empregado de escritório.
Após a Guerra Civil, conseguiu um cargo no Ministério do
Interior, mas foi demitido pouco depois porque o titular da pasta se indignou
com “Leaves of Grass”, livro de poemas publicado pela primeira vez em 1855 e
reeditado com revisões e ampliações durante anos. Essa obra, repudiada pelos
críticos de então, introduz o verso livre e dá tratamento poético a coisas e fatos
do cotidiano, como, por exemplo, o progresso técnico e o sexo. Em 1873 uma
doença vascular o deixa parcialmente paralítico. Passa então a morar em Camden,
New Jersey. Em fins de 1891 publica a última edição de “Leaves of Grass” e
morre poucos meses depois.
Em seus poemas, Whitman elevou a condição do homem moderno,
celebrando a natureza humana e a vida em sua essencialidade, exprimindo em
poemas visionários certo panteísmo e um ideal de unidade cósmica. Profundamente
identificado com os ideais democráticos da nação americana, Whitman não deixou
de celebrar o seu futuro. Ficou mais conhecido no exterior a partir das
citações inseridas no enredo do filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989).
Embora no cotidiano ele ocultasse aspectos da sua sexualidade,
exprimiu em muitos de seus poemas a história de paixão e amor que viveu ao lado
de Peter Doyle, ex-soldado da Guerra Civil. Foi uma relação intensa, apesar das
crises, traições, idas e vindas. Doyle amparou o poeta na doença e na velhice, estando
sempre a seu lado até o fim.
QUANDO OUVI AO FINAL DO DIA
Quando ouvi ao final do dia que meu nome fora recebido com
aplausos no capitólio, mesmo assim não foi uma noite feliz a que se seguiu;
e, antes, quando eu farreava, ou quando meus planos se realizavam,
ainda assim eu não me alegrava,
mas no dia em que, me levantei da cama ao amanhecer, em
perfeita saúde, refeito, cantando, respirando o hálito maduro do outono,
quando vi a lua cheia empalidecer no oeste e desaparecer na
luz da manhã,
quando andei sozinho pela praia e, despido, me banhei, rindo
com as águas geladas, e vi o sol nascer,
e quando pensei que meu querido amigo, meu amante, já estava
a caminho, aí sim eu era feliz,
aí sim o respirar me pareceu mais doce, e durante todo o dia
o alimento me nutriu melhor, e o lindo dia transcorreu perfeito,
e veio o seguinte com igual alegria, e no terceiro, ao
anoitecer, chegou meu amigo,
e naquela noite, quando tudo estava quieto, ouvi as águas
fluindo lenta e continuamente ao longo da costa;
ouvi o murmúrio suave do líquido e das areias, como se se
dirigissem a mim num sussurro, a me felicitar,
pois quem eu mais amava dormia ao meu lado sob o mesmo teto
na noite fria,
na quietude do luar de outono sua face se inclinava para
mim,
e o braço descansava suavemente sobre meu peito – e naquela
noite eu estava feliz.
"A um Estranho
ResponderExcluirEstranho que passa! você não sabe com quanta saudade eu lhe olho,
Você deve ser aquele a quem procuro, ou aquela a quem procuro, (isso me vem, como em um sonho,)
Vivi com certeza uma vida alegre com você em algum lugar,
Tudo é relembrado neste relance, fluído, afeiçoado, casto, maduro,
Você cresceu comigo, foi um menino comigo, ou uma menina comigo,
Eu comi com você e dormi com você – seu corpo se tornou não apenas seu, nem deixou o meu corpo somente meu,
Você me deu o prazer de seus olhos, rosto, carne, enquanto passamos – você tomou de minha barba, peito, mãos, em retorno,
Eu não devo falar com você – devo pensar em você quando sentar-me sozinho, ou acordar sozinho à noite,
Eu devo esperar – não duvido que lhe reencontrarei,
Eu devo garantir que não irei lhe perder."
Eu não sabia da história dele, nem conheço a fundo, já li um ou outro poema dele... tem coisas bem interessantes...
sua obra é primorosa pelo pouco q conheço ...
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