(Kandinsky –
To The Unknown Voice)
Todos os sentimentos, em todos os seus matizes de
manifestação, nós os possuímos. Com o amor é diferente. O amor acontece...
Os sentimentos residem em nós. Quando amamos, nós habitamos
em nosso amor. Isto não é simples metáfora, mas a realidade. O amor não está
ligado a nós de maneira isolada, de tal modo que pudesse ser considerado um
conteúdo apenas. Ele só ganha substância quando se realiza.
A única coisa importante quando amamos, é que, para cada um dos
envolvidos, o outro sempre aconteça como um outro determinado; que cada um se
torne tão consciente do outro de tal forma que, precisamente por isso, assuma
para com ele o compromisso de participar de um acontecimento da vida... o maior
de todos.
Na relação amorosa a exclusividade absoluta e a
inclusividade absoluta se identificam. Aquele que entra nessa relação não se
preocupa com nada mais isolado, nem com coisas ou pessoas, nem com a terra ou
com o céu, pois tudo o que importa está incluído na relação. Porém, entrar nessa
relação não significa prescindir de tudo. Pelo contrário, implica sim em
continuar vivendo tudo. Não é, pois, renunciar ao mundo, mas sim
proporcionar-lhe uma nova fundamentação.
Tal é, como sinto, a relação amorosa. Presente sempre no
aqui e agora. Não conheço nenhuma outra relação semelhante a esta. E não
acredito em outra coisa que melhor possa defini-la, seja palavra, ou conceito
que não esse: quando amo, eu sou presente como aquele que sou presente. Nada
mais.
Sem palavras para agradecer uma sintese tão perfeita desse hiato consciente entre dois olhos! E é justamente pela presença dessa consciencia da vida e não a ilusão de se estar no paraíso é que torna o amor um dos mais concretos sentimentos humanos.
ResponderExcluirBjs e até amanhã.
Bonito sentimento, o teu.
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