(Mateus 10:34)
Eu ensaiava ler esse livro do historiador de descendência
iraniana, radicado nos USA, Reza Aslan (lançado em 2013), há um bom tempo. Como
costumo fazer com toda obra geradora de polêmicas, antes de ler o próprio livro
cuidei de ler as muitas críticas e comentários, tanto as favoráveis, quanto as
negativas. É um bom exercício, ao menos pra mim, pois ao ler a obra me sinto
mais confortável (e abastecido) para melhor observar todos os pontos
discutidos. Ontem, finalmente, me dispus a ler... há muito tempo que não “devoro”
um livro de uma tacada só! Simplesmente não deu pra parar, antes de chegar ao
final!
O tema central de sua pesquisa (foram anos de muito estudo
comparativo de textos antigos, que abordassem todo o contexto histórico da
época) nem é muito novo. Desde o século XIX muitos historiadores se debruçam à
procura do Jesus histórico, o Nazareno e não o Cristo. Nas palavras de Aslan: “Este
livro é uma tentativa de recuperar, tanto quanto possível, o Jesus da história,
o Jesus antes do cristianismo
(grifo meu): o revolucionário judeu politicamente consciente que, há 2 mil
anos, atravessou o campo galileu reunindo seguidores para um movimento
messiânico com o objetivo de estabelecer o Reino de Deus, mas cuja missão
fracassou quando – depois de uma entrada provocadora em Jerusalém e um
audacioso ataque ao Templo – ele foi preso e executado por Roma pelo crime de
sedição. É também sobre como, após Jesus ter fracassado em estabelecer o Reino
de Deus na terra, seus seguidores reinterpretaram não só a missão e a identidade
de Jesus, mas também a própria natureza e definição do messias judeu.”
Óbvio que o livro não pretende conter “a verdade”, mesmo
porque em ciência a verdade é sempre contingencial. Como historiador que faz
ciência Aslan procurar “separar”, nas narrativas encontradas, o que é improvável
(dado o nível de conhecimento atual) do que é impossível. E são muitos os casos
de impossibilidades! Um bom exemplo é todo o processo de julgamento e
condenação de Jesus. Ou mesmo o “massacre dos inocentes”, ao tempo do
nascimento de Jesus, no reinado de Herodes, fato que simplesmente não tem o
menor registro em toda a vasta documentação pesquisada.
Além disso, num trabalho minucioso de reconstituição de
época, encontramos em seu livro uma descrição meticulosa da história e da
geografia, o que ajuda em muito a reconstituir todo o universo em torno do
Jesus histórico, um homem que desafiou a autoridade de Roma e a alta hierarquia
religiosa judaica; um homem pleno de convicções, paixões e contradições, um
revolucionário vindo das classes menos favorecidos. E de tentar entender as razões pela qual a Igreja Católica
(a primeira organização do cristianismo em formato eclesiástico) optou por
promover a imagem de Jesus como um mestre espiritual pacífico em detrimento do revolucionário.
Para quem se interessa por história, é um deleite.
Para mim seu post foi uma super dica de leitura! obrigaduuuuu!
ResponderExcluirBoa dica para as férias!
ResponderExcluirSempre vi o Jesus histórico por este prisma e já li muitos dos evangelhos apócrifos q, de certa forma, mostram um pouco deste aspecto mais real do Jesus Humano.
ResponderExcluirSuper curioso em ler este livro ... gostei de sua sinopse sobre a obra ... vou ler ...
Beijão
Estive com ele em mãos a poucos dias... esta na fila, aguardando eu terminar os atuais.
ResponderExcluirBom saber que valerá a pena. Ele me atraiu...e muito.
abraço
Humm vale uma espiada!
ResponderExcluirVou olhar...
Abração.