domingo, 28 de junho de 2015

Eu Vivo À Vista

"Vivemos a crédito: nenhuma geração passada foi tão endividada quanto a nossa - individual e coletivamente (a tarefa dos orçamentos públicos era o equilíbrio entre receita e despesa; hoje em dia, os "bons orçamentos" são os que mantêm o excesso de despesas em relação a receitas no nível anterior).

Viver a crédito tem seus prazeres utilitários: por que retardar a satisfação? Por que esperar se você pode saborear as alegrias futuras aqui e agora? Reconhecidamente, o futuro está fora do nosso controle. Mas o cartão de crédito, magicamente, traz esse futuro irritantemente evasivo direto para você, que pode consumir o futuro, por assim dizer, por antecipação - enquanto ainda resta algo para ser consumido...

Parece ser essa a atração latente da vida a crédito, cujo benefício manifesto, a se acreditar nos comerciais, é puramente utilitário: proporcionar prazer. Os meios são as mensagens. Cartões de crédito também são mensagens. Se as cadernetas de poupança implicam a certeza do futuro, um futuro incerto exige cartões de crédito."

(Zygmunt Bauman “Medo Líquido”)


4 comentários:

  1. O que acontece é q no nosso tempo não existia o tal Cartão de Crédito ... no máximo tínhamos o "papagaio" ... se tivéssemos acho q seríamos iguais ... rs

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  2. ps: não quero dizer acima q estamos velhos, apenas estamos com nosso prazo de validade no limite ... kkkkkkkkkkk

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  3. Confesso: eu adoro um crédito, mas controlo meus "papagaios" com rédea curta!
    Bauman é uma das vozes mais claras nesses tempos confusos! Amor Líquido é uma obra prima!

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  4. Isso dá margem para algumas interpretações...
    Meditar eu irei!

    ;-)

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