terça-feira, 23 de junho de 2015

Falsa Genialidade



Numa daquelas conversas (chatas paracaráleo! rs) em família, meu cunhadinho me vem com essa: “as crianças de hoje são mais inteligentes, mais geniais, do que as de antigamente... minha netinha, de 5 anos, já sabe mexer no tablet!” Ao que respondi: pois é, a mesma genialidade daquelas sondas-robô que descem em Marte e em pouco tempo já começam a “analisar” o solo, o clima... (rs). Acho que ele não entendeu!

Ao que consta, celulares, tablets, laptops, etc. são fabricados não para serem utilizados por uma elite intelectual, mas por todo mundo, desde as mentes mais esclarecidas e sutis do planeta até as camadas semianalfabetas da população. Além do que, dado o apelo lúdico das teclinhas, ícones, cores, não me espanta que chame a atenção das crianças. A sensação de inteligência triunfante advinda da destreza com que se “mexe” nessas engenhocas segue apenas a lógica (deveras previsível) de se trilhar caminhos pré-estabelecidos, sem a mínima exigência de algum senso crítico. Exatamente como faz o robô, que desce em Marte,  percorrendo sua superfície e fazendo suas “descobertas” sem que um astronauta tenha que atravessar os riscos da aventura pelo território do imprevisível e desconhecido.

Ele nada mais faz do que seguir comandos, previstos num “manual de instruções”, guiado por ícones, que aparecem e desaparecem, na função de parâmetros e que o colocam no caminho certo. Não é exatamente o mesmo que fazemos ao “explorar” nossas engenhocas diletas? Na verdade o que fazemos é substituir a lógica do saber e conhecer por outra, executada pelo artefato, mas que nos passa a ilusão de que somos nós os “construtores geniais” dessa lógica!

Temo que essa ilusão da inteligência progressiva e sem limites (há quem diga que vivemos o tempo da transformação do Homo sapiens em Homo web), seja, efetivamente, a causa principal da produção (esta sim crescente) de novos seres cada vez menos capazes de pensar e criticar por sua conta e risco!

Estou falando muita besteira?

PS: Gênio fui eu que, aos 17 anos, terminando a disciplina de Introdução à Filosofia Moderna I, no 1º ano da FFLCH-USP, apresentei um trabalho sobre os conceitos de Tempo e Espaço em Kant e que, anos mais tarde, se transformaria no tema da minha tese de mestrado! Isso que é ser modesto, né! (rs)




4 comentários:

  1. Bom.....Lembre-se que atrás de todo tablet, celular e outros bichinhos "tec" está escrito: Made in China!
    Vamos virar formiguinhas sem o menor senso crítico!
    Ps- Adorei a total falta de modéstia!

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  2. Falta de modéstia q nada. Neste mundo de hoje, principalmente esta maioria q o permeia pro todos os lados, com sua total ignorância e falta de visão crítica e outras coisitas mais, "NÒS" temos mesmo q colocar a tal "modéstia" de lado e concedernos as devidas honras ... somos "diferenciados" sim ... simples assim ...

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  3. Foi mais ou menos como aquela piada: "os Estados Unidos é realmente um pais desenvolvido, lá qualquer criancinha fala inglês!"
    Parabens pela reflexão e por seu trabalho la na "nossa" facu! Como auno da FFLCH eu acho mais é que vc tem o direito de ser metido!

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  4. E como sou modesto de fato (rs) faltou acrescentar que depois eu fiz FEA-USP... com mestrado também.

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