sábado, 23 de agosto de 2014

A Paixão Emburrece (Pequena Divagação)

Dizem que a paixão nos cega, que não enxergamos nossos “parceiros na paixão” como seres reais, com defeitos e fraquezas, mas somente com suas qualidades. Ou melhor, (pior?) com as qualidades que projetamos neles! Dizem também que o efeito “cegueira” da paixão é biológico e ocorre porque certas áreas do cérebro são ativadas (todas ligadas ao centro do prazer, situado no sistema límbico), enquanto outras são inativadas ou “bloqueadas”, tais como partes do córtex pré-frontal, responsável  pelo julgamento crítico. A paixão bloqueia nosso senso crítico! Não seria, então, melhor trocarmos o ditado? Antes de cegar, a paixão nos emburrece!

Vejam o meu exemplo. Uma de minhas características que mais prezo é a forma racional com que procuro encarar os fatos da vida. Aliás, isso me garante que dificilmente (batendo 3 vezes na madeira! rs) terei alguma forma de depressão. Nos piores momentos da minha vida, aqueles em que comi apenas torradas, feitas com pão amanhecido, que o diabo amassou 2 dias antes (rs), eu sofri desesperadamente. Mas, nunca/jamais me senti deprimido! Apesar de toda essa força que encontro na razão, não fui capaz de resistir à paixão. E, como sói acontecer, me estrepei de verde, amarelo e cor de anil! Que força primitiva é essa, que nos torna seres tão idiotas, a ponto de não querermos enxergar (vejam que não é questão de cegueira, mas sim de vontade!) o que, em circunstâncias normais de temperatura e pressão, pareceria óbvio demais?!

Divagações sobre uma de minhas músicas preferidas, Blindsided, do Justin Vernon/Bon Iver. Essa é uma daquelas que, por mais que eu ouça, não me canso de gostar. Seu refrão: 'Cause blinded, I was blindsided… Pergunta: será que, em algum canto escondido da minha razão, eu não “sabia”, desde o início, que não iria dar certo? E, se eu sabia, de onde veio a “surpresa”? Como é duro não enxergar, mesmo que houvesse um holofote gigante iluminando tudo de certeza! For the agony, I'd rather know...

Enfim... esse vídeo ficou lindão!


4 comentários:

  1. Você mesmo respondeu: a surpresa vem da sua resiliente vontade de não enxergar. Embora eu diria "de querer fazer dar certo e mudar aquilo que a razão quer ditar" ou algo assim. Porque é possível.

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  2. Edu tocou o dedo na ferida: "de querer fazer dar certo e mudar aquilo que a razão quer ditar" ... mas eu, aqui no meu canto e com a bagagem de experiências vividas não dou mais trela para a emoção ... busco viver racionalmente mesmo sob constantes tentações ... a emoção descabida está enterrada de vez em minha vida ...

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  3. Depois que eu ouvi que do pescoço para cima tava tudo bem, mas que do pescoço para baixo a coisa tava uma bagunça... eu prefiro não opinar! kkkk

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  4. Por que tive a impressão de que o sistema límbico "primitivo" ficou relegado a funções "menores" do que as funções do córtex pré-frontal racional "maioral" ?
    bjs

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