Dizem que a paixão nos cega, que não enxergamos nossos “parceiros
na paixão” como seres reais, com defeitos e fraquezas, mas somente com suas
qualidades. Ou melhor, (pior?) com as qualidades que projetamos neles! Dizem
também que o efeito “cegueira” da paixão é biológico e ocorre porque certas
áreas do cérebro são ativadas (todas ligadas ao centro do prazer, situado no
sistema límbico), enquanto outras são inativadas ou “bloqueadas”, tais como
partes do córtex pré-frontal, responsável pelo julgamento crítico. A paixão bloqueia
nosso senso crítico! Não seria, então, melhor trocarmos o ditado? Antes de
cegar, a paixão nos emburrece!
Vejam o meu exemplo. Uma de minhas características que mais
prezo é a forma racional com que procuro encarar os fatos da vida. Aliás, isso
me garante que dificilmente (batendo 3 vezes na madeira! rs) terei alguma forma
de depressão. Nos piores momentos da minha vida, aqueles em que comi apenas
torradas, feitas com pão amanhecido, que o diabo amassou 2 dias antes (rs), eu
sofri desesperadamente. Mas, nunca/jamais me senti deprimido! Apesar de toda
essa força que encontro na razão, não fui capaz de resistir à paixão. E, como
sói acontecer, me estrepei de verde, amarelo e cor de anil! Que força primitiva
é essa, que nos torna seres tão idiotas, a ponto de não querermos enxergar
(vejam que não é questão de cegueira, mas sim de vontade!) o que, em circunstâncias
normais de temperatura e pressão, pareceria óbvio demais?!
Divagações sobre uma de minhas músicas preferidas, Blindsided,
do Justin Vernon/Bon Iver. Essa é uma daquelas que, por mais que eu ouça, não
me canso de gostar. Seu refrão: 'Cause blinded, I was blindsided… Pergunta: será
que, em algum canto escondido da minha razão, eu não “sabia”, desde o início,
que não iria dar certo? E, se eu sabia, de onde veio a “surpresa”? Como é duro
não enxergar, mesmo que houvesse um holofote gigante iluminando tudo de
certeza! For the agony, I'd rather know...
Enfim... esse vídeo ficou lindão!
Você mesmo respondeu: a surpresa vem da sua resiliente vontade de não enxergar. Embora eu diria "de querer fazer dar certo e mudar aquilo que a razão quer ditar" ou algo assim. Porque é possível.
ResponderExcluirEdu tocou o dedo na ferida: "de querer fazer dar certo e mudar aquilo que a razão quer ditar" ... mas eu, aqui no meu canto e com a bagagem de experiências vividas não dou mais trela para a emoção ... busco viver racionalmente mesmo sob constantes tentações ... a emoção descabida está enterrada de vez em minha vida ...
ResponderExcluirDepois que eu ouvi que do pescoço para cima tava tudo bem, mas que do pescoço para baixo a coisa tava uma bagunça... eu prefiro não opinar! kkkk
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ResponderExcluirPor que tive a impressão de que o sistema límbico "primitivo" ficou relegado a funções "menores" do que as funções do córtex pré-frontal racional "maioral" ?
bjs