Eu o conheci há muito tempo! Eu tinha 18 anos, cabeça voando
na filosofia. E, como sói acontecer (aliás, acontecia... porque hoje...) fomos
PF’s, sabe como é! (rs). Depois, ele foi
estudar na Europa (acho que foi pra Suíça, França, se não me engano...) e só
nos vimos uma vez, de relance, logo que voltou. Depois, nunca mais.
Há alguns meses ficamos “amigos” no FB. Quando ele me
convidou, levei um tempo até me lembrar do dito cujo. Ontem, do nada,
conversamos pelo chat. Ele mora atualmente em Uberaba, mas passa alguns meses
do ano na Europa. Não consegui entender o que ele faz ao certo. É algo ligado a
agronomia.
(... depois de todos
os rapapés iniciais, tudo bem?, que fez da vida?, etc.)
Eu: eu tenho 57... você tem quanto mesmo? rs
Ele: 55 daqui um mês
kkkk
(ele é mais novo que
eu! comecei a pensar: já fui pedófilo!... era só o que me faltava! kkkkk)
Eu: ah, pequena diferença! você tá bem conservado, né! kkkkkk
devem ser os ares diferentes!
(mentira branca faz
mal? rs)
Ele: Não me sinto velho, de fato. rs
Eu: a gente é jovem pelas atitudes diante da vida...
Ele: Procuro me manter otimista, cultivo bons pensamentos
Quando era casado, estava me sentindo muito mal, felizmente
mandei tudo às favas
(hum... não sabia que
ele havia casado...)
Eu: suponho que conviver com quem não nos faz bem seja a
morte, né
Ele: Realmente! Estava muito mal. Que delicia ter mandado
tudo para o alto!
Eu: além do mais agora você só precisa pensar em si mesmo,
né
e dá pra ficar indo por aí, fazendo o que gosta... quer
coisa melhor? isso também ajuda a se manter jovem
Ele: Sim, isso é muito bom, mas tudo tem seu preço rs
Eu: tudo tem seu custo!
a diferença entre o custo e o preço é o tanto de alegria que
se obtém kkkkkk
Ele: E isto não tem preço! E seu casamento como está?
(eita! como ele soube
que casei?)
Eu: é uma história bem longa... o que dizer?... somos amigos,
acho que é isso
tivemos muitos bons momentos, aliás, os melhores momentos da
minha vida passei com ela e, por sorte, a amizade não terminou... hoje somos
separados/juntos, não queira entender! rs
Ele: Bom, ao menos não se tornaram inimigos... o que é praxe
na maioria dos casais
Eu: cada um tem a vida que quer construir... se eu fosse
jovem, vivendo hoje, faria tudo muito diferente... mas é aquela coisa, pra quem
viveu no "nosso tempo", acho que não se tinha tantas opções, né
Ele: Tempos miseráveis... o que vc faria diferente?
Eu: em relação a casamento? tudo, né... rsrsrs
Ele: Não teria casado? Ou outra coisa?
Eu: gosto de casamento... acho que teria casado com a pessoa
certa, se é que você me entende... rsrsrs
Ele: Entendi... mas eram outros tempos, poucos teriam
coragem
Eu: tenho dois amigos que são casados, agora oficialmente, os
dois na faixa dos 60 anos
olha, é a coisa mais bacana de ver!
Ele: Também fui covarde, demorou muito para me achar kkkkk
Ter que se aceitar
Eu: acho que nem era questão de covardia
Ele: Era o que então?
Eu: acho que era algo epistemologicamente impensável! kkkkkkkk
fora a autoaceitação
hoje é bem diferente, em geral as pessoas não vêm
anormalidade nisso
o que é absolutamente correto! mas, há 40 anos atrás...
Ele: Diga uma coisa: você sabe que foi o primeiro?
Eu: OI???!!! Sério?! desculpe, não fazia ideia!
(fiquei envergonhado!
pode isso? rsrsrs)
Ele: Eu tinha tanto medo, você não?
Eu: e quem não tinha?
fora a sensação de estar fazendo algo errado
o que não faz uma educação repressora, né?!
Ele: Ah, isso a gente tinha, mas o sentimento era mais forte
Demorou muitos anos para que eu me aceitasse
Eu: essa é a diferença de hoje... como o ambiente social, em
geral, tende a ser mais receptivo, tudo é muito mais fácil
Ele: Você me causou um choque, naquela época
Eu: sério? eu pensava que nós tínhamos uma mente mais aberta
e nunca foi "forçado", né???
Ele: Na verdade fui eu que forcei um pouco a barra, vi em
você o que eu não era kkkkk
Lá na Rua da Prata...
(hum... um pequeno
desvio nesse tema, que tá ficando muito saudosista! rsrsrs)
Eu: já que estamos nesse papo aberto... rsrsrs... você
também se casou, coisa e tal
assim, nunca chegou a amar alguém?
quer dizer, você viajou muito, viveu na Europa, lá não era
mais aceitável isso?
Ele: Antes de me casar, tive um relacionamento lá, deveria
tê-lo curtido mais, mas ainda me sentia travado... mesmo na Europa, só me abri
há pouco tempo
enfim... acho que vivemos o que dava pra viver, mas não
tenho mágoa de nada
Eu: legal!
Ele: E você, já amou alguém, de verdade?
Eu: Well... kkkkkk... longa história!
Ele: Eu gosto de longas histórias! kkkkkk
Eu: essa é do tipo que deve ser contada com um bom café de
acompanhamento...
Ele: Não seja por isso! Vou ficar aqui em Uberaba até o meio
do ano. Gostaria muito que você viesse dar um passeio, passar uns dias...
Eu: é, quem sabe...
(saída pela esquerda
em 3, 2, 1... rsrsrs)
Eu: tenho que ir agora... fiquei muito contente em conversar
com você!
tenha uma boa noite!
abração!
Ele: Boa noite p/vc, abraços e vê
se não some!
O convite é sério! Me passa o seu
telefone para podermos conversar mais. Esses minutos me levaram para um passado
que eu gostei demais... vc não vai sumir de novo?
Eu: fica frio... depois
conversamos... abraços
(sabe aquele tipo de sensação de “o passado bate à sua porta”? mas,
achei muito delicada essa conversa... pra isso também servem os chats...)