Bacana quando “a” música é Maybe I’m Amazed... dá pra
“sentir” o que é, como é. Talvez se eu tivesse, hoje, um amor, talvez fosse
assim. Esse medo, habitante dos limites entre o agora, o pra sempre e o que
pode passar... vontade de não deixar que passe! Entendo exata e perfeitamente!
Eu (nós, nas minhas 2 oportunidades) não tive, oficialmente,
“essa” música. Logo eu, um ser musical por excelência! Pode ser marca do meu
egoísmo. Ou esquisitice do gosto (rs), particularidades de um mundo só meu,
impossível de ser partilhado, mesmo pela via do amor. Pode ser. Muito triste se
for.
Quando conheci o Fernando eu só pensei em uma coisa: mocinho
interessante pra cama! Tá certo que logo percebi o preconceito envolvido na
questão. Um formando em filosofia e um estudante de letras, o que poderíamos
ter em comum além da atração física? Com o passar do tempo, das conversas (sem
rolar cama, era o que restava... e foram meses a fio! rs), eu fui aprendendo a
conhecê-lo, aprendendo a armazenar, todo dia, um sopro que fosse, mas que, se
não existisse, faria falta. Aprendi que cuidar era bom, que adivinhar um
pensamento era, quase sempre, a garantia de ganhar um sorriso e que sentir
saudade era também uma forma de estar próximo.
Uma noite, após uma aventura maluca (história longa, até já
escrevi... outro dia, quem sabe, reescrevo por aqui), ficamos sozinhos em sua
casa. Com os pais viajando, éramos apenas nós, no quarto dele. Eu já sabia que
tínhamos uma preferência musical em comum, Pink Floyd. Ele estava bem nervoso e
eu, por incrível que poderia parecer, não forcei minimamente a “barra”. Na
vitrola (que coisa!) ouvíamos Atom Heart Mother, seu álbum predileto. Deitados
na cama, entre meus braços, ele falava, falava, falava (consigo ouvir agora) e
o falar poderia ser resumido a apenas uma palavra: medo. Aquele medo que eu
descrevi acima. Mal sabia ele (ou sabia?) que, quando esse medo se instala, é que
antes, bem no fundo do coração, o amor
já se instalou.
Mesmo que não nominada, essa é (foi) a “nossa” música.
Guardada em minha memória, sons, gostos, umidades, gemidos, claridade que se
sobrepõe (e se anula) a todo significado do que fomos naquela noite e em várias
outras. Nossos sentimentos, nossos desesperos, nossas buscas, encontros e
desencontros, os tenho todos em mim ainda, em minha pele, cicatrizes inexoráveis
da nossa intensidade.
Linda a música e a história. Adoro quando cê escreve assim! E também deu pra entender perfeitamente. Sobre seu mundo particular... não todos temos um? Sei lá. Foco no que foi, não no que poderia ter sido. E coração aberto para qualquer nova possibilidade. Acho que é isso.
ResponderExcluirP.S.: Pelo menos na USP, Letras e Filosofia são um departamento só: a FFLECH...
ResponderExcluirMuito legal e a perspectiva de leitura do Edu supimpa!
ResponderExcluirFoco no que foi, não no que poderia ter sido. E coração aberto para qualquer nova possibilidade.
Sempre fui muito egoísta com minhas músicas, mas quando se encontra a pessoa certa é fácil compartilhar. Pink Floyd na vitrola é tudibão!
ResponderExcluirPois é, pessoalmente sou fã das "improbabilidades"... até demais! kkk
ResponderExcluirAi, ai, deu para suspirar deste lado e acompanhar a cena... talvez ano que vem, quem sabe eu não vá nas festinhas da FFLCH... ;-)
Abração.
Off-topic(?): deste filhote de Nick Drake não lembro de você ter falado - Nick Mulvey.
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