Não me lembro bem qual a data exata. Era dezembro de 1983. Eu
não via Fernando há um bom tempo. Oficialmente já havíamos colocado um ponto
final em tudo. Ainda doía muito (menos do que hoje), mas, na minha cabeça, já
estava resolvido. Eu iria embarcar em outra. E foi numa festinha na casa de uma
amiga, onde eu praticamente não conhecia ninguém. Mudança de ares... era parte
do plano.
Ela chegou bem tarde. Tímida, com modos pouco expansivos,
acomodou-se numa poltrona ao lado da vitrola (céus! rs) e ficou olhando as
capas dos LP’s. Com certeza não era familiarizada com aquela “vibe rock
progressivo”, tão ao gosto do irmão da minha amiga (e do meu). Foi a deixa...
Yes foi o mote para a minha aproximação - assim como houvera sido Pink Floyd,
com Fernando (a música sempre me abrindo portas, rs).
Aquele jeito simples, ingênuo, aquela voz suave, a educação,
conversamos horas! Eu achei que um milagre estava se processando em mim. Antes,
eu já havia “ficado” com algumas garotas. Tudo bem, experiências sempre são
válidas. (rs) No final, porém, sempre restava a certeza que não era bem essa a
praia dos meus sonhos. Com ela, naquela noite, havia um vislumbre de que, quem
sabe, poderia ser. No fundo do meu peito (sério!) bateu diferente o coração.
Não era paixão, isso eu sabia. Era diferente. Não sei se intuição, desejo de
mudar, sensação de “por que não?”, mas, naquele dia, eu sabia que algo muito
grande estava começando.
Já bem tarde, madrugada, ela me deu uma carona até minha
casa (meu carro... er... meu poizé, rs... estava no conserto). Na despedida,
sem mais delongas, arrisquei um beijo. Mas não um simples e singelo beijo...
foi um beijo, daqueles, profundos, exageradamente profundos. Mais tarde fiquei
sabendo que, daquele jeito, havia sido a sua primeira vez. Acho que em
praticamente tudo eu fui a sua primeira vez. Isso era o que mais me encantava.
Até hoje, ainda me encanto quando posso surpreendê-la com algo novo. Possivelmente
vivemos de encantamentos esse tempo todo!
Isso aconteceu em dezembro. Em outubro do ano seguinte, nos
casamos. Em outubro agora serão 30 anos. 30 anos... Mais da metade da minha
vida! Se eu pensar bem, sob vários aspectos, a melhor parte.
Várias possibilidades de comentário, novamente, se abrem:
ResponderExcluir1) "Ainda doía muito (menos do que hoje)"... eita recalque que não se apaga!!
2) "Acho que em praticamente tudo eu fui a sua primeira vez. Isso era o que mais me encantava." Douglas, é você??
3) Aniversário de casamento? Vai "rolar" uma bela "comer"moração?
Mas meu preferido:
4) 30 anos significam mais do que qualquer outra coisa / seja amor ou amizade. Linda história e meus mais sinceros parabéns aos dois.
pelo menos ficaram boas recordações ...
ResponderExcluirSó quem ama se entrega assim....
ResponderExcluirNão é recalque......é crença em amar!
bjs
Cara, mas que reviravolta, hein? Meus parabéns pelas surpresas diárias e encantos contínuos.
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