Hoje caiu em minhas mãos (e ouvidos) o último álbum de Will Stratton, Gray Lodge Wisdom. Não tenho como descrever a emoção e a beleza que perpassa todas as suas músicas! Não é um álbum tão melancólico como os anteriores. Também não é uma celebração à vida, como os primeiros da sua carreira. Talvez seja como uma meditação... silencioso, solene, reflexivo. Passa a impressão que Stratton está repensando sua visão de mundo e seu lugar nele. Melhor explicar um pouco de quem estou falando.
Will Stratton (1987) é um jovem cantor e compositor norte americano,
fortemente influenciado por Nick Drake (em minha opinião, se existe algum “discípulo”
direto do virtuosismo ao violão do Nick, esse é Will), quer pela melancolia de
suas composições, quer pela suavidade da voz. Estudou piano e música erudita
desde muito criança. Começou a graduação em filosofia, abandonando o curso para
estudar composição musical. Aliás, é notória a influência da música erudita em
muitas de suas canções.
Em 2012, quando terminava as gravações do seu 4º álbum
(Post-Empire), ele começou a sentir dores estranhas no abdômen. Na verdade ele
sabia que algo estava acontecendo com seu corpo, mas durante muito tempo
recusou-se a procurar um médico. Quando finalmente foi, devido ao aumento
progressivo das dores, veio a noticia: ele foi diagnosticado com câncer
testicular em estado avançado. Começava, então, sua batalha para preservar a
própria vida.
E vieram as sessões de quimioterapia, algumas cirurgias (em
uma acabou sendo necessária a extração de um rim, pela metástase)... foram 2
anos vivendo no “Gray Lodge”, amadurecendo à força para tentar encarar a morte
com a serenidade necessária, única arma com poder suficiente para vencê-la! E
foi nesse período, longe dos palcos, dos amigos, que ele compôs todas as
músicas do álbum agora lançado. Será que essa é uma boa forma de se adquirir
sabedoria? Acho que não quero saber! (rs)
Discografia
What the
Night Said (2007)
No Wonder
(2009)
New
Vanguard Blues (2010)
Post-Empire
(2012)
Gray Lodge Wisdom (2014)
Nesse primeiro vídeo, uma apresentação acústica solo (a
primeira depois de muito tempo!)... dá pra entender o que eu quero dizer quando
falo de virtuosismo ao violão, à la Nick Drake... ou um pouco mais até! Como
ele envelheceu! 27 anos... é uma maldade, né...
You Divers... essa música! Uma que eu, com certeza absoluta, classifico como minha favorita. A última composta após saber da gravidade de sua doença. É uma música maravilhosa e emocionante... um canto fúnebre outonal, que começa com uma seção de cordas absolutamente melancólica e, lentamente, se transforma em uma batalha entre guitarras acústicas e elétricas, cortando o ar através de acordes noturnos. "I hope that I am alive, to see the afterlight of spring”… é a suavidade em confronto com o fatal da vida! Lindo, muito lindo!
Eita... que triste (achei)!
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