quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tempo Sem Respostas


“... Aproveitar o tempo!
Ah, deixem-me não aproveitar nada!
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm outras,
O pião do garoto, que vai a parar
E oscila, no mesmo movimento que o da alma
E cai, como caem os deuses, no chão do destino.”

Álvaro de Campos


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