Fim de semana descobri essa banda indie rock de Richmond, Virginia. Na verdade eles fazem uma bela mistura de country, folk e, se bobear, até música celta... e pop! (rs) Apesar de uma discografia bem grande (estão na estrada desde 1994), uma qualidade sonora e instrumental apurada e uma legião de fãs ardorosos, eles não são muito conhecidos no cenário mundial. Tanto é que nem eu os conhecia! (rs) Gostei demais...
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Carbon Leaf
Fim de semana descobri essa banda indie rock de Richmond, Virginia. Na verdade eles fazem uma bela mistura de country, folk e, se bobear, até música celta... e pop! (rs) Apesar de uma discografia bem grande (estão na estrada desde 1994), uma qualidade sonora e instrumental apurada e uma legião de fãs ardorosos, eles não são muito conhecidos no cenário mundial. Tanto é que nem eu os conhecia! (rs) Gostei demais...
sexta-feira, 23 de maio de 2014
To Be Over
Não me lembro bem qual a data exata. Era dezembro de 1983. Eu
não via Fernando há um bom tempo. Oficialmente já havíamos colocado um ponto
final em tudo. Ainda doía muito (menos do que hoje), mas, na minha cabeça, já
estava resolvido. Eu iria embarcar em outra. E foi numa festinha na casa de uma
amiga, onde eu praticamente não conhecia ninguém. Mudança de ares... era parte
do plano.
Ela chegou bem tarde. Tímida, com modos pouco expansivos,
acomodou-se numa poltrona ao lado da vitrola (céus! rs) e ficou olhando as
capas dos LP’s. Com certeza não era familiarizada com aquela “vibe rock
progressivo”, tão ao gosto do irmão da minha amiga (e do meu). Foi a deixa...
Yes foi o mote para a minha aproximação - assim como houvera sido Pink Floyd,
com Fernando (a música sempre me abrindo portas, rs).
Aquele jeito simples, ingênuo, aquela voz suave, a educação,
conversamos horas! Eu achei que um milagre estava se processando em mim. Antes,
eu já havia “ficado” com algumas garotas. Tudo bem, experiências sempre são
válidas. (rs) No final, porém, sempre restava a certeza que não era bem essa a
praia dos meus sonhos. Com ela, naquela noite, havia um vislumbre de que, quem
sabe, poderia ser. No fundo do meu peito (sério!) bateu diferente o coração.
Não era paixão, isso eu sabia. Era diferente. Não sei se intuição, desejo de
mudar, sensação de “por que não?”, mas, naquele dia, eu sabia que algo muito
grande estava começando.
Já bem tarde, madrugada, ela me deu uma carona até minha
casa (meu carro... er... meu poizé, rs... estava no conserto). Na despedida,
sem mais delongas, arrisquei um beijo. Mas não um simples e singelo beijo...
foi um beijo, daqueles, profundos, exageradamente profundos. Mais tarde fiquei
sabendo que, daquele jeito, havia sido a sua primeira vez. Acho que em
praticamente tudo eu fui a sua primeira vez. Isso era o que mais me encantava.
Até hoje, ainda me encanto quando posso surpreendê-la com algo novo. Possivelmente
vivemos de encantamentos esse tempo todo!
Isso aconteceu em dezembro. Em outubro do ano seguinte, nos
casamos. Em outubro agora serão 30 anos. 30 anos... Mais da metade da minha
vida! Se eu pensar bem, sob vários aspectos, a melhor parte.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Pimpo, ou a Arte do Des-envolvimento
Hoje à tarde, na hora do meu colóquio diário com ermão (rs),
eis que o celular toca. Já fazia um certo tempo que não conversávamos “por voz”.
Mensagens diárias, pra lá, pra cá, normal. Faz parte do plano de desfazer o
envolvimento afetivo e, quem sabe, tornando em singela amizade. A voz parecia
cansada (6 dias de hospital... dengue... pobreza! bem que podia ser uma doença
mais chique!), contando como estava se sentindo, ainda meio grogue. “Você não
quer me fazer uma visitinha? To precisando conversar com alguém que não me lembre
de hospital, doença, remédios!”
Nessas horas fica evidente (não que eu já não saiba, a
sobejo, rs) o que desarma o meu ser puramente frio e racional: voz carente e
melosa! Pior que isso, só mesmo ver alguém chorando. Então, entra em prática o
tópico Z do plano... “Vamos ver se conseguimos marcar...” e, rapidamente,
finalizo a ligação. Não que isso seja tranquilo, mas tem lá seus efeitos... e
méritos.
Estava então, tarde da noite, posto em sossego, quando
novamente toca o celular. Seria simplesmente questão de não atender. Mas, e se
ele estiver precisando de alguma coisa urgente! Nunca me ligou a essa hora.
Enfim, atendo. Sabe quando a pessoa precisa conversar? Imagino como está sendo,
ele acostumado com trabalho, uma rotina diária até um pouco estressante, ter
que ficar parado, à força. Mas, até que tudo ia bem quando, do nada... devia
ser proibido essa coisa das pessoas chorarem. Tenha dó! (rs)
Amanhã será um longo exercício para eu engendrar um tópico
Z2 pra continuar a minha saga! Pensando melhor, a irmã dele está lá... e o
outro. Ou o outro sou eu?
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Efterklang
Banda dinamarquesa indie experimental, formada em 2001. Eu não sou um fã ardoroso de música experimental. A maioria cansa demais... instrumentais longos, por vezes chatos. Com Efterklang é diferente! Seria por causa do Casper Clausen? (rs) Não sei o que acontece... ele não é assim um modelo de beleza, mas, além da voz suave, ele é tão... cativante? (rs)
Discografia
Springer (2003)
Tripper (2004)
Swarming
Single (2005)
One Sided (2006)
Under Giant
Trees (2007)
Parades
(2008)
Magic
Chairs (2010)
Piramida (2012)
terça-feira, 20 de maio de 2014
Se os Tubarões Fossem Homens
“Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com
os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir
resistentes caixas no mar para os peixes pequenos, com todos os tipos de
alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as
caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências
sanitárias cabíveis. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana,
imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa
aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas; nas
aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles
aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes
tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a
formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso
e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam
acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro
dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido
se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se
antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E
denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas
inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam
guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros. As
guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os
peixinhos que, entre os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas
diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e
calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao
outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra
língua, silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e
receberiam o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles
naturalmente também uma arte; haveria belos quadros, nos quais os dentes dos
tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas
como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam
entusiasmados para as goelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela,
que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa
para as goelas dos tubarões, sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis
pensamentos. Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião.
E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais,
se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre
os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os
que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só
seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais
constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que
deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem
a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por
diante.
Curto e grosso: só então haveria civilização no mar, se os
tubarões fossem homens.”
Bertold Brecht
segunda-feira, 19 de maio de 2014
The Franklin Electric
Hoje me apresentaram essa banda indie/folk de Montreal (Canadá). Com apenas um álbum lançado no final de 2013 (This Is How I Let You Down), gostei de todas as músicas. Não vou contar de qual banda me lembrei ao ouvi-los... alguém iria dizer que estou ficando surdo! (rs) Enfim, o som deles é muito bacana!
domingo, 18 de maio de 2014
Conhecer, Amar, Casar
Sempre que aparece algum vídeo de casamento gay, lá vou eu
xeretear! (rs) A maioria é sempre muito pasteurizada, glamour exagerado, muitos
clichês, bem igual a casamentos héteros. Até existe emoção. Mas nada que se
possa comparar com esse que vi ontem.
Em primeiro lugar, que são dois caras mais maduros. E que a
felicidade, não tem como, passa pra gente, que estamos vendo e babando. Agora,
o que me “cativou” (rs), foi o ritmo, a maneira como o vídeo foi editado. Quase
morri, de tanta lindeza! E, pra matar a pau, colocam “Fix You” como trilha
sonora! Ai, ai... que vontade! (rs)
sábado, 17 de maio de 2014
Lei do Retorno
Começo a acreditar que a tal “Lei do Retorno”, de que meus
amiguinhos tanto falam, existe mesmo! Sinceramente, é bem duro aprender isso,
dessa forma, a essa altura da vida!
Pensamentos que eu tinha e que serviam de “meus balizadores”:
- Não consigo entender como tem gente que passa um fim de
semana trancado em casa...
- Não consigo entender como é possível viver sem carro em
São Paulo...
- Não consigo entender como alguém pode ter menos que R$ 100
no bolso...
...
- Não consigo entender como alguém pode viver sem um amor...
... hoje, eu consigo entender! E entendo perfeitamente, sem
o menor esforço!
Como eu pude desperdiçar minha vida com tanta coisa inútil?!
Como eu pude ser tão cego a ponto de acreditar que não era (ainda!) a hora de encontrar
e ter alguém “pra valer”, pra seguir comigo, numa parceria sólida?! Tá certo, houve
momentos cruciais! Em um, eu muito novo, ambicioso que só, achei que era cedo.
Em outro, no momento exato (acredito que esse “momento exato” deva girar em
torno dos 40), bem dono do meu nariz, apostei errado! Errado paracaráleo,
diga-se de passagem! Entre esses dois momentos, um blefe. E que, ironia total,
é hoje a minha tábua de salvação. É ou não é para defecar pelado?!
O meu único consolo é que me vacinei (3 doses, mais 2 de
reforço) contra novas paixões. Merda sofrida seria demais! E a vacina funcionou
direitinho. Por um triz eu não “embarquei” na do Pimpo. Tava tudo
engatilhado... tudo começando a se emaranhar. E eu, meticulosamente, fui
desfazendo todos os lacinhos, um a um! Achei melhor dores esparsas, mas
suportáveis, do que um desastre anunciado. Tudo bem que foi um canto do cisne
nada glamoroso! Resta saber se ainda falta muito para que o retorno tenha
cumprido a sua lei...
quinta-feira, 15 de maio de 2014
De Noite
Voltando a Israel, após uma excursão com sua banda, às vésperas do Rosh Hashaná, com a cabeça fervilhando de pensamentos, Idan Raichel pediu a ajuda de um amigo, Yaakov Gilad, para acalmar sua mente. Ficaram a noite toda conversando e, ao amanhecer do dia, essa canção estava pronta. Os motivos que o levaram a esse “surto” não foram revelados (embora eu até consiga imaginar o que se passava) na entrevista em que Idan comentou sobre o ocorrido. O que importa é que o resultado dessa noite foi uma música belíssima, uma mensagem de esperança, mesmo quando a esperança parece não mais resistir.
Tempo Sem Respostas
“... Aproveitar o tempo!
Ah, deixem-me não aproveitar nada!
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou de ser!
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por brisa,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto não vêm
outras,
O pião do garoto, que vai a parar
E oscila, no mesmo movimento que o da alma
E cai, como caem os deuses, no chão do destino.”
Álvaro de Campos
terça-feira, 13 de maio de 2014
Detonando a “lógica” dedutiva
Um cowboy entra num bar e pede um whisky. Quando se acomoda
para saborear sua bebida, uma garota senta ao lado dele. Vira-se e pergunta:
- Você é um cowboy de verdade?
Ele responde:
- Bom, passei a minha vida inteira na fazenda, tocando
cavalos, remendando cercas e marcando gado. Então, acho que sou sim!
Ela diz:
- Eu sou lésbica. Passo o dia inteiro pensando em mulher.
Assim que levanto de manhã, já penso em mulher. Tomo banho, assisto à TV,
parece que tudo me faz pensar em mulher.
Um pouco mais tarde, um casal senta ao lado do cowboy e
pergunta:
- Você é um cowboy de verdade?
Ele responde:
- Sempre achei que sim, mas acabei de descobrir que sou
lésbica.
Tenderam? (rs) E eu conheço tanta gente que raciocina quase
sempre dessa forma!
segunda-feira, 12 de maio de 2014
IT LEAKED
E, finalmente, caíram as muralhas de Jericó! (rs) Nem o maior esquema de segurança que eu já vi nos últimos tempos foi capaz de resistir ao som das trombetas de chifre de carneiro! Haja trombeta! Thanks, Russia! (rs)
Alguém tá servido?
domingo, 11 de maio de 2014
Kishi Bashi
Kaoru Ishibashi (04/11/1975) é um cantor, compositor e multi-instrumentalista de Seattle (USA). Após participar de algumas bandas indie, dentre as quais Jupiter One e Of Montreal, começou uma carreira solo em 2010.
Com uma sólida formação em música erudita, um estilo
marcante, ele se utiliza do “looping” (no estilo de Owen Pallett) em grande
parte de suas músicas. Ouvindo aqui seu último álbum, Lighght... sabe aquele
tipo de som primaveril? (rs) Dá uma alegrada no outono!
Discografia
Room for
Dream (2011)
151a (2012)
Philosophize!
Chemicalize! (2013)
Lighght (2014)
Uma apresentação solo no estilo “looping”.
Song For The Sold... linda, muito linda!
sexta-feira, 9 de maio de 2014
The Book of Love
“Muitas vezes um belo rapaz de lábios rubros
Me pergunta sorrindo: - qual a tua religião?
Eu lhe respondo: - em teu amor eu encontro minha fé,
Meu paraíso, meu Deus e minha eternidade.”
Ibrahim Ibn Sahl (1212 - 1251)
Um Sorriso
Um dia eu disse “eu te amo!” Não lembro se eu pensava em
alguma outra coisa além do que eu havia dito. Essas palavras têm um peso tão
grande que, certamente, não permitem que pensemos em nada além do seu
significado. Aliás, pouco me lembro de todos os outros detalhes... das
circunstâncias, do que fazíamos, sobre o que falávamos. Só sei que eu não
poderia ter dito outra coisa.
Ele não disse nada. Apenas sorriu. Aquele sorriso lindo que
ele dava apenas pra mim. Quase sempre era assim. Eu, precisando de palavras
para expressar o que sentia. Ele, ao contrário, apenas com gestos, olhares, conseguia
imprimir discursos tão ou mais lindos do que qualquer poema pudesse exprimir.
Naquela noite, mesmo estando sozinho, eu dormi dizendo “eu
te amo” e, quando acordei, foram essas as primeiras palavras que acordaram
comigo. Então, sorri. E me esqueci que eu sorria mesmo ele estando longe. O que
me fazia sorrir? Talvez a sensação de que todos os meus sorrisos dali pra
frente seriam diferentes. Que eu iria sorrir para ele, mesmo quando,
deslembrado de tudo, eu sorrisse para outras coisas.
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Judeusofia
Deve ser coisa de vidas passadas, só pode! (rs) Depois de
muito tempo preparando umas aulas novas pros meus amiguinhos de branco, resolvi
dar uma relaxada no YT. Como “ele” já sabe dos meus gostos, sugeriu uns vídeos
do Superstar da “terrinha santa”. Por lá é diferente daqui... não são bandas
que se apresentam, e sim cantores. Então, fui ver o carinha mais pontuado da
primeira fase e... Jesus! Ou seria melhor dizer Davi? (rs) Que coisa mais
linda! Nem se eu encomendasse sairia tão do meu gosto!
Se entendi bem os “pauzinhos”, o nome dele é Avital (até o
nome tem charme!). Que figura, que voz, que vontade... e ele escolheu uma
música até bem comum... mas, deu uma reinventada, mudou a tonalidade, enfim,
ficou um deslumbre! E, pelo que sei, aqueles jurados são bem chatinhos.
Entraram lindamente na vibe do delicinha! (rs)
Pena que não tem Papai Noel por aquelas bandas... seria o
meu presente perfeito!
sábado, 3 de maio de 2014
Gray Lodge Wisdom
Hoje caiu em minhas mãos (e ouvidos) o último álbum de Will Stratton, Gray Lodge Wisdom. Não tenho como descrever a emoção e a beleza que perpassa todas as suas músicas! Não é um álbum tão melancólico como os anteriores. Também não é uma celebração à vida, como os primeiros da sua carreira. Talvez seja como uma meditação... silencioso, solene, reflexivo. Passa a impressão que Stratton está repensando sua visão de mundo e seu lugar nele. Melhor explicar um pouco de quem estou falando.
Will Stratton (1987) é um jovem cantor e compositor norte americano,
fortemente influenciado por Nick Drake (em minha opinião, se existe algum “discípulo”
direto do virtuosismo ao violão do Nick, esse é Will), quer pela melancolia de
suas composições, quer pela suavidade da voz. Estudou piano e música erudita
desde muito criança. Começou a graduação em filosofia, abandonando o curso para
estudar composição musical. Aliás, é notória a influência da música erudita em
muitas de suas canções.
Em 2012, quando terminava as gravações do seu 4º álbum
(Post-Empire), ele começou a sentir dores estranhas no abdômen. Na verdade ele
sabia que algo estava acontecendo com seu corpo, mas durante muito tempo
recusou-se a procurar um médico. Quando finalmente foi, devido ao aumento
progressivo das dores, veio a noticia: ele foi diagnosticado com câncer
testicular em estado avançado. Começava, então, sua batalha para preservar a
própria vida.
E vieram as sessões de quimioterapia, algumas cirurgias (em
uma acabou sendo necessária a extração de um rim, pela metástase)... foram 2
anos vivendo no “Gray Lodge”, amadurecendo à força para tentar encarar a morte
com a serenidade necessária, única arma com poder suficiente para vencê-la! E
foi nesse período, longe dos palcos, dos amigos, que ele compôs todas as
músicas do álbum agora lançado. Será que essa é uma boa forma de se adquirir
sabedoria? Acho que não quero saber! (rs)
Discografia
What the
Night Said (2007)
No Wonder
(2009)
New
Vanguard Blues (2010)
Post-Empire
(2012)
Gray Lodge Wisdom (2014)
Nesse primeiro vídeo, uma apresentação acústica solo (a
primeira depois de muito tempo!)... dá pra entender o que eu quero dizer quando
falo de virtuosismo ao violão, à la Nick Drake... ou um pouco mais até! Como
ele envelheceu! 27 anos... é uma maldade, né...
You Divers... essa música! Uma que eu, com certeza absoluta, classifico como minha favorita. A última composta após saber da gravidade de sua doença. É uma música maravilhosa e emocionante... um canto fúnebre outonal, que começa com uma seção de cordas absolutamente melancólica e, lentamente, se transforma em uma batalha entre guitarras acústicas e elétricas, cortando o ar através de acordes noturnos. "I hope that I am alive, to see the afterlight of spring”… é a suavidade em confronto com o fatal da vida! Lindo, muito lindo!
quinta-feira, 1 de maio de 2014
From The Morning
Última faixa do último álbum (Pink Moon - 1972), From The Morning é uma das músicas mais simples compostas por Nick Drake. Não sei explicar, mas, apesar da melancolia que permeia (sempre!) a harmonia de suas canções, nessa eu sinto um estado de felicidade pulsando pelos versos, de uma singeleza ímpar. Ao contrário do noturno que habita a maioria de suas músicas, essa traz as cores da manhã, os aromas da vegetação molhada pelo sereno da noite que se vai. Acho que Nick estava feliz quando a compôs. Quem sabe se ainda havia alguma esperança no futuro!
Por uma daquelas ironias do destino, que não conseguimos
explicar, após o lançamento de Pink Moon teve início o pior período da sua vida
pessoal. E, ironia das ironias, as palavras inscritas em sua lápide são versos
dessa música: “Now we rise, and we are everywhere"...
Nada disso, porém, importa! O que permanece é a sensação do
fluir, dos movimentos da vida, dos ciclos, das manhãs que sempre sucedem as
noites, por mais escuras que sejam...
E já estamos em maio!
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