Trago em minha boca (ainda) o gosto dos poemas que não te
fiz. Ou, se fiz, não te entreguei. Ou, se entreguei, não prestei atenção no sorriso que (certamente) me deste. (Lembro
que você sempre sorria pra mim, mesmo que eu fingisse não notar, tragado pela
ânsia da vida que me alcançava).
Teve um tempo - antes de escolher os caminhos do silêncio - em
que eu amava a sonoridade das tuas palavras. E todas elas (cada uma delas)
sempre me diziam que eu nunca estaria sozinho. Por que será que eu não aprendi
que nunca estive sozinho?
Da série Delicadezas: coisas assim, que tive e não percebi.