A crença em algo, como tipificado no conceito de “destino”,
se manifesta por duas situações: quando, percorrido um caminho, se chega a um
ponto determinado/almejado, ou seja, como um fato “a posteriori”; ou quando,
mesmo antes de percorrer o caminho, existe um forte (muito forte, obsecado) desejo
de alcançar algum ponto. Lamento informar, mas, esse segundo caso, é apenas uma
postura otimista (muito otimista) frente à vida e não a garantia exata de poder
alcançar o objetivo. Em outras palavras: na vida o “a priori” constitui-se
simplesmente de categorias/formas “vazias” e que apenas ganham sentido quando
completadas com os conteúdos das experiências do mundo sensível, ou (em
filosofes, rs) da realidade fenomênica, a única acessível a nós, humanos.
Tentarei traduzir.
Se houvesse, de fato, algo como destino, o universo seria
uma enorme (imensa) fraude! Não passaríamos de joguetes, fantoches (apenas para
ficarmos na esfera dos humanos), nas mãos de algum ser supremo, facilmente diagnosticável
como esquizofrênico. Tudo, desde o mais ínfimo anseio de nossa parte, não teria
sentido algum, dado que os fins estariam previamente traçados. E tudo perderia
sentido, ao contrário dos que creem em destino. Afinal, por qual motivo valeria
a pena algum tipo de esforço a fim de mudar qualquer coisa, se tudo “já está
escrito”? Penso que, mesmo algumas religiões (ao menos as que se pretendem mais
“científicas”, rs) já abdicaram desse dogma. É aqui que entra outro conceito
(mais palatável): o do livre-arbítrio.
Então, podemos optar. Entre os caminhos a, b, c... existem
opções. Obviamente que essas religiões não se deram conta que, adotado o
princípio do livre-arbítrio, torna-se muito mais complicado impor “leis morais”.
Afinal, não teria o suicida usado, pura e simplesmente, a sua prerrogativa de
escolher? Ou a mulher que aborta? Não me estenderei nos exemplos, que poderiam
ser numerosos.
Um pequeno “toque filosófico”: no pensamento kantiano, o
livre-arbítrio é a única pressuposição que pode ser determinada pela razão
pura, diferentemente dos outros “arbítrios”, que sempre são determináveis, ou por
inclinação, ou por estímulo, ou por crenças (ficções?), que Kant denomina “arbítrio
bruto”. Ele também associa o conceito de livre-arbítrio ao que ele denomina
como “vontade pura”, ou seja, livre das necessidades e inclinações sensíveis a
que está submetido o homem. Se Deus existe e é perfeito, certamente nos
concedeu livre-arbítrio. E nunca destino!
Já escrevi por aqui algo, mais, ou menos assim: eu acredito
que, em nossa vida (uma extensão temporal entre dois - ou mais... quem saberá? -
pontos) sempre existe uma nuvem de possibilidades (mais, ou menos casuais) e
que, por nossas ações (pensadas, ou impulsivas, não importa, mas, sempre
decisivas), “criamos” um caminho. E que nem é tão demarcado assim. Talvez,
também, uma nuvem de caminhos possíveis. Ora estamos em um, ora em outro, por
vezes paralelos, outras vezes sinuosos, contraditórios...
PS: Era pra ser um comentário ao post do meu amigo Le...
Latinha (por enquanto ele ainda não “se permitiu”, rs) e que achei um tanto
extenso. Sou muito prolixo?
Ainda bem que o comentário virou post, assim muito mais visível ...
ResponderExcluirJá havia pensado em algo do tipo, mas voc~e colocou muito bem isso em palavras...
Abraço !
Rapaz,
ResponderExcluirAdorei o comentário-post eheheh
Realmente ele era digno de um post, captei vossa mensagem e no fundo eu concordo com ela, mas o senhor bem sabe que eu resisto a dar uma viajada né...
Mas a vida se encarrega de me mostrar algumas coisas... ;-)
Acho que preciso "me permitir" mesmo! ehehe
Abração.
ser prolixo não e´exatamente um defeito! só é defeito se o cara não consegui escrever algo legal e que faça sentido! vc conseguiu! parabens!
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