Ontem revi Gênio Indomável (Good Will Hunting - 1997) filme de
Gus Van Sant. A trama gira em torno de Will Hunting, gênio autodidata, com
habilidades excepcionais em matemática e em ciências físico-químicas, mas que
trabalha como servente numa universidade, além de fazer bicos como pedreiro.
Carregando sérios problemas da sua infância, ele vive envolvido, com seus
amigos mais próximos, em brigas e bebedeiras, até que um dia tem seu talento
descoberto ao resolver um complicadíssimo problema de matemática (na verdade um
desafio) deixado num mural para os alunos da universidade.
O núcleo dramático do filme é constituído, além do jovem
Will, pelo professor de matemática (que se torna o responsável jurídico por ele,
detido por reiteradas brigas de rua) e pelo psicólogo que irá acompanhar o seu caso
(um amigo do professor, dos tempos de faculdade e que demonstra ser uma pessoa
sofrida com seu passado). Além da surpresa (ao menos pra mim... rs) pelo roteiro
original, muito bem desenvolvido por Matt Damon (Will) e Ben Affleck (Chuckie,
um dos amigos mais próximos de Will), não se pode dizer que o filme seja uma
obra de arte. Na verdade, os pontos altos do filme são justamente os diálogos que
ocorrem entre os personagens e que giram, quase sempre, em torno do tema “razão
x emoção”.
Nessa revisão que fiz agora do filme, me veio à mente uma
frase que, ao que consta (rs), costuma ser o “mote”, dito por uma analista a um
amigo: você vai muito bem... do pescoço pra cima! Entendo perfeitamente isso,
pois vivo assim ultimamente. Esse amigo costuma dizer que, ao menos, eu já tive
experiências emocionais na minha vida. Certo, já tive. Penso, entretanto, que
para a riqueza emocional da vida, pouco importa essas experiências passadas, na
medida em que o único sentido delas é o vivê-las no momento de sua construção.
Enquanto passado, nosso acesso a elas, inevitavelmente, passa pelo crivo da
razão.
Quanto dessa emoção, que um dia existiu, agora acessada no
presente, cede lugar para a estruturação da lógica do saber? Ou, perguntando de
outra forma: quanto do sabor se perde no saber? Divagando... rs.
Uma cena significativa: um dos primeiros encontros entre
Will e Sean (Robin Willians, o psicólogo). Serve como metáfora para um diálogo
entre o saber, que se fundamenta na razão, a as vivências, possíveis apenas
pela emoção que a vida real nos proporciona.