É uma casa. E a casa está fechada. Uma casa fechada. Trancas
nas portas, chaves esquecidas em inexistentes soleiras de portas. Habitada por ninguém.
Há muito tempo. Tempo morto, como a casa. Apenas ruídos na casa. Gemidos. De
dentro da casa. Fechada e desabitada. Estranhos ruídos no tempo interno da casa.
Nos meus tempos, que são os da casa. Tempos...
Há muito tempo, avançando na noite, aos trambolhões, bêbado,
cada vez mais solitário, até o amanhecer, até outro dia, atrás de um outro dia,
onde se pudesse deixar de sonhar, onde se pudesse não ser tão completamente
exausto de tanto sonhar, sem que ninguém percebesse, de tão cansado, de tão
esfumado no desvanecer das luzes, da vida, de tudo, do grito inaudível, do gemido
sem solução. Eu...
Dores ocultas na casa, dores velhas, dores inúteis. Inúteis
como gaiolas numa terra sem pássaros. Inúteis como janelas abertas que dão para
o lado onde não se enxergam as paisagens. Inúteis como caminhos que levariam a
Deus, onde já não existe mais fé ou sua irrestrita possibilidade. Fé...
A poesia da vida. A poesia se faz e se quebra!
(25 de janeiro de 2003... tempos difíceis!)
Lindo poema. Feito com muito esmero.
ResponderExcluirA poesia se faz e se quebra ...
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