Sobre o amor, como Aristófanes expos, na casa de Agatão e na
presença, entre outros, de Sócrates, Aristodemo, Fedro, Pausânias, Erixímaco e
Alcibíades:
Houve um tempo em que os seres humanos eram de três tipos:
homem, mulher e andrógino, vivendo em “estado duplo” (homem/homem,
mulher/mulher e homem/mulher), unidos pelo abdome. Por se sentirem tão
autossuficientes e cheios de si nessa completude e felicidade absoluta (o que ameaçava
o “ser” da divindade), foram divididos ao meio por Zeus. Desde então, cada
metade ficou condenada à falta, à incompletude e à tarefa do reencontro da
parte perdida, da parte que completasse o seu ser originário. E, Aristófanes
nos fala: o amor é justamente essa busca constante e incansável! Entretanto,
enquanto busca (e não garantia de encontro), o que importa é a possibilidade de
se pensar que um ser apenas pode existir em relação a um outro com o qual se
possa estabelecer um laço, um vínculo, uma cumplicidade. A outra metade que, na
sua presença e na sua ausência, consegue declarar aquilo que somos, enquanto
miticamente divididos e errantes.
Em sendo assim, o amor não é um fenômeno, mas sim um anseio,
uma busca do homem por uma totalidade do ser, outrora possível e, agora,
momentaneamente inacessível...
“Quando acontece
encontrar alguém a sua metade verdadeira, de um ou de outro sexo, ficam ambos
tomados de um sentimento maravilhoso de confiança, intimidade e amor, sem que
se decidam a separar-se, por assim dizer, um só momento. Essas pessoas, que
passam juntas a vida, são, precisamente, as que não sabem dizer o que uma
espera da outra. [...] E a razão disso é que primitivamente eram homogêneos. A
saudade desse todo e o empenho de restabelecê-lo é o que denominamos amor...”
Não se fala apenas da união física que faz com que um sinta
um prazer tão grande com a presença do outro e a ela aspire com tanta força,
mas é, indubitavelmente, uma coisa diferente o que a alma de ambos quer... uma
coisa que ela não pode exprimir e que só palpita nela como obscura intuição do que
é a solução do enigma da sua vida.
“Falo tanto do homem
como da mulher, para afirmar que nossa espécie só poderá ser feliz quando
realizarmos plenamente a finalidade do amor e cada um de nós encontrar o seu
verdadeiro amado, retornando, assim, à sua primeira natureza.”
(Deveras interessante... apesar de que existem outros pontos
de vista...)
Existem dois pontos de vista: o que acredita que o Amor é uma necessidade ( fisica, mental, emocional ) e com qual me identifico profundamente. E existe o ponto de vista que acredita que o Amor é uma ilusão ( criada pela incapacidade do ser humano em se auto sustentar ) e que nasceu de quem por azar deixou de acreditar no primeiro ponto de vista. Infelizmente o segundo ponto de vista gerou esse individualismo doentio dos dias modernos!
ResponderExcluirBjs
Hum... acho que é um bocadinho mais complicado! (rs) Mais provável que exista uma gama de pontos de vista, dispostos numa graduação, como em um leque. Em uma ponta, a visão materialista pura, segundo a qual nada há além do cérebro e suas ligações químicas e elétricas tornadas ficção por uma “mente” que precisa ser “alguém” e ter uma história. Na outra, talvez algo como essa visão de Aristófanes/Platão, apenas possível nesse mundo ideal e perfeito a que nós, sombras saudosas (embora reais!), aspiramos como destino final. Entre uma e outra deve haver trocentas variações...
ExcluirConcordo, mas a etiologia dessa miríade ( hoje estou atacado) de opiniões e pontos de vista nascem de uma dessas polaridades!
ExcluirGostei de sua perspectiva na resposta acima ... sigo por aí tb ...
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