Eu conheço o carinha há mais de ano. Ele deve ter uns
50tinha... solteiro. Preciso dizer mais alguma coisa? (rs) Embora nunca
tivéssemos conversado mais consistentemente, ele me parecia ser alguém
inteligente, ponderado; fisicamente, bem, até que interessante! Um tiquinho
gordo, mas, para certas partes da anatomia isso até é vantajoso. Pelo menos pro
meu gosto! (rs). Não poderia classificá-lo como amigo, no máximo conhecido, dá
pra entender, né.
De uns tempos pra cá ele passou a me convidar (até com certa
insistência) para um café, em que poderíamos “nos conhecer melhor”. Pra cima de
“moi”, puta véia! Sei o que ele queria conhecer melhor! Enfim, sábado passado
(até agora não entendi, talvez por uma agudização da minha crise de secura, nível
Cantareira, entende?!) aceitei. Tudo pela pátria!
Analisemos: ele me convidou para ir ao Shopping Santa Cruz,
na Vila Mariana... curiosamente ele mora por ali. Onde eu sei (ele não sabe que
a ZS é minha “área”... conheço tudo! rs) que não tem uma cafeteria decente. Aliás,
aquele shopping só tem molecada fazendo zueira, é uma porcaria! E pra coroar,
chovia demais! Mas, como não sou de “furar”, lá fui eu.
Resumindo: ficamos numa loja da Kopenhagen exatos 20 minutos
e que foram suficientes para que eu soubesse que tenho nada a ver com ele, com
o modo de pensar, de ser, etc. Cara preconceituoso, politicamente obtuso,
conversa chata elevada à enésima potência! Sobrava o que? Uma bunda?
Sinceramente...
Aí vem o diálogo fatídico: você tem alguma coisa pra fazer
agora? ele perguntou. Não. Quer conhecer meu ap? Não. Acho que ele ficou alguns
segundos naquele estado, entre a letargia e a não compreensão dos 2 nãos na
sequência. Ah, então você já tem algum programa? ele insistiu, como quem
procura uma explicação razoável pelas minhas negativas monossilábicas. Não...
era o terceiro! Achei por bem explicar, não lembro ipsis litteris, mas foi algo
como: não vejo motivo algum, ou justificativa para que eu vá conhecer seu ap.
Simples assim! Não somos amigos, não temos nenhuma afinidade, temos ideias diametralmente
opostas sobre coisas importantes da vida, enfim, acho que valeu pelo café. Não
sei se ele entendeu bem. É complicado querer um doce, planejar ter o doce, as
expectativas se encaminharem, aparentemente, em direção ao doce e, no final...
Voltando pra casa, pensando sobre outras épocas, em que “topei
paradas” infinitamente piores, situações que, se eu contasse, até Deus duvidaria
(rs), foquei na sensação de vazio que, invariavelmente, se seguia após esse
tipo de transa casual. Um vazio existencial absurdamente dolorido e que eu
cansei de sentir. E que, sábado, eu senti com clareza antes mesmo do “fato em
si”. Mas, também senti compaixão, pois uma das piores coisas da vida é se
sentir rejeitado. Já me senti assim algumas vezes. É difícil, a autoestima vai pro
rés-do-chão! Ele deve ter sentido algo nessa linha. Definitivamente não me
orgulho do que fiz...