Dando continuidade à minha atual vibe alemã (rs), um breve comentário ao filme – belíssimo, diga-se de passagem! – Freier Fall, de 2013 e que, segundo o próprio diretor e roteirista, Stephan Lacant, foi concebido como uma resposta alemã ao não menos belo Brokeback Mountain. E nem seria necessária essa explicitação: a dramaticidade, o realismo, a dureza, o “amor impossível”, o contexto (dois policiais que se envolvem, sendo um deles casado, com a esposa grávida), tudo torna quase inevitável essa comparação.
O filme é centrado em Marc Borgmann (interpretado magnificamente
por Hanno Koffler), um policial casado à espera de um filho. E, dentro dessa “normalidade”
da vida, o que Marc menos poderia imaginar era que sua convivência com outro
policial, Kay Engel (Max Riemelt... hum, rum, o de Sense 8, rs) se tornaria
muito mais intensa e íntima, fazendo com que os dois se envolvessem em um
relacionamento.
São duas, a meu ver, as grandes similaridades entre Brokeback
e Freier: o contexto socialmente opressor da década de 60, característico do
primeiro, versus a convivência policial em Freier, e o fato de que Marc possui
família, uma vida regrada, etc. E temos, então, o foco (muito caro para mim!)
da escolha: Marc precisa escolher entre o homem com quem vivencia uma
experiência amorosa nova e intensa e a mulher que espera um filho seu. Esse o
ponto que, a meu ver, mais distingue Freier: em Brokeback não há esperança, não
há escolha. É como se, desde o princípio do filme, soubéssemos o que acontecerá.
Também sinto Freier como um filme mais intimista e
angustiante (alemão, né! rs), focado nas incertezas de Marc, em sua “divisão”
entre calmaria e loucura; um filme repleto de silêncios, troca de olhares,
pensamentos não compartilhados, palavras escondidas, desejos. E que, pelo seu
final – e também, pelo que consta em 2017 – sugere/necessita uma continuação. Aguardemos...
Segue vídeo com alguns melhores momentos (melhores beijos?
rs), com trilha sonora da banda Revolverheld (alemã, naturalmente), já
comentada por aqui. Música: Ich lass für dich das Licht an (Eu Deixo a Luz
Acesa Pra Você), sobre as loucuras de amor, que o lindinho do Johannes Strate
fez pelo namorado... e que eu entendo todas, perfeitamente...